segunda-feira, 16 de julho de 2012

VÍDEO "O OLHO PESCA"




Realizado para o Fórum Mineiro de Saúde Mental, por ocasião da exposição homônima realizada no Museu Mineiro com trabalhos dos usuários do sistema de saúde mental. O vídeo dá voz aos artistas, prescindindo da opinião dos especialistas.
Ficha Técnica:
| DIREÇÃO E ROTEIRO: beth miranda e chico de paula | FOTOGRAFIA: chico de paula | FINALIZAÇÃO: anselmo lafetá | PRODUÇÃO: emvídeo | TRILHA ORIGINAL : oficina dos usuários | DATA: 1996 |

quarta-feira, 13 de junho de 2012

Sobre o tratamento compulsório para o crack


Recuperação é baixa na internação via JustiçaApesar de recomendado nos casos extremos, tratamento compulsório para crack tem taxa de sucesso insignificante

(Estado de Minas)
Publicação: 11/06/2012 06:38 Atualização: 11/06/2012 07:03
A internação compulsória, determinada pela Justiça mesmo sem a concordância do dependente, apesar de polêmica, ainda é considerada a saída para casos extremos, até mesmo pelos críticos da medida. Ainda assim, na maioria das vezes ela não atinge o objetivo, conforme o especialista em segurança pública Robson Sávio, coordenador do Núcleo de Estudos Sociopolíticos da Pontifícia Universidade Católica de Minas (PUC Minas). Segundo ele, pesquisas feitas no Brasil mostram que a medida tem apenas 3% de efetividade no tratamento. “O problema não é individual. Tem relação com a família, com a sociedade, com o mercado de trabalho. A ação tem efeito apenas enquanto a pessoa está internada, porque nesse sistema ela é vigiada e punida”, afirma.

Na avaliação do especialista, a falta de políticas de longo prazo capazes de reatar os laços afetivos e familiares da pessoa, além de inseri-la em uma atividade profissional faz com que o paciente retome ao vício. Outro problema, na avaliação do especialista, é que a medida atenta contra os direitos individuais do paciente, que deve ter livre opção pelo tratamento. “Não podemos delegar ao Estado o uso do poder para tomar decisões na vida privada do indivíduo, que deve ser autor de seu tratamento”, avalia Sávio.
O especialista acredita ainda que há bons exemplos a serem seguidos por Minas e pelo Brasil, como a política de redução de danos adotada em Portugal. “São políticas públicas que não trabalham unicamente com a hipótese de largar o vício, mas também de diminuir os prejuízos, garantindo a criação de vínculos do indivíduo com o trabalho, a família e o meio social”, disse. Entre as ações adotadas no país europeu estão os centros de atenção para usuários e familiares que podem ser usados a longo prazo, explica.

Rede
Para o subsecretário de Políticas sobre Drogas da Secretaria de Estado de Defesa Social, Cloves Benevides, é preciso que o ciclo de tratamento não se encerre com a decisão judicial, e que o dependente tenha acompanhamento depois da internação. Ele cita um exemplo de um paciente que ficou internado por quase seis meses e que, dois dias depois de deixar o hospital, teve uma recaída. Há ainda, segundo o secretário, situações de dependentes que foram internados compulsoriamente mais de 10 vezes, a pedido das famílias, que voltam à Justiça para tentar outro tratamento.

“Nesses casos, a internação não estava necessariamente errada, mas precisamos oferecer o melhor serviço, observar a instituição, o perfil dos dependentes e a equipe de atendimento. O juiz se baseia num estudo médico e precisa de um retorno das medidas de qualidade para manter os pacientes protegidos. Não dá para uma pessoa ser internada involuntariamente 15 vezes”, alerta o subsecretário.

A Comissão Especial para Enfrentamento ao Crack fez duas reuniões e avalia 36 casos de internações involuntárias e compulsórias. Na primeira modalidade, o Ministério Público é comunicado, para que não seja caracterizado o crime de cárcere privado pelo hospital. Quando um paciente é internado compulsoriamente, o MP também acompanha o andamento processual e o cumprimento da ordem do juiz, observando os direitos do paciente.

“Fizemos um mapeamento das entidades, casos mais significativos e perfil dos acolhidos e na segunda-feira (hoje) lançaremos um plano que será executado até o fim do ano. Temos três equipes contratadas para o acompanhamento pós-internação, seja no apoio aos familiares ou na reinserção no mercado de trabalho”, conclui o subsecretário.

Prontuário
210
internações compulsórias foram determinadas pela Justiça em Minas desde julho de 2011

15
dependentes de crack e outras drogas, em média, são internados por mês no estado

80
internações estão em andamento em Minas na rede pública e particular que atende pelo SUS

1.350
leitos agudos existem no estado para tratamento daqueles que entram e saem dos hospitais

quinta-feira, 24 de maio de 2012


A luta Antimanicomial como expressão de voz e conhecimento

                                                          
                                 “A minha misão é revelar somente a verdade”  Estamira
                                                                                                                                  

Se a luta Antimanicomial não existisse a gente teria que inventá-la! Bom, seria uma ótima alusão ou adaptação de outros exemplos de coisas boas nascidas nesse mundo, tão complexo e contraditório. Assim, um movimento que se reinventa não perdendo a dimensão da sua realidade é o que constitui na cidade de Belo Horizonte uma das maiores expressões político-culturais que já se foi testemunha.
Faz mais ou menos quinze anos que alguns trabalhadores da saúde mental do Brasil, unidos a usuários e familiares de pessoas com sofrimento mental construíram uma nova forma de lidar com aquilo que a razão não é capaz de dar vazão; e, com o propósito de marcharem numa luta e num contentamento diferente do tratamento da loucura, abriram as portas dos manicômios e começaram a criar novos formatos para a expressão através da linguagem, através das formas, e alucinações para o tido “desvio” do real.
A luta Anitmanicomial em Belo Horizonte nesse meio sobrevive, mesmo que acompanhando duramente um pensamento que ainda teima em insistir na privação da liberdade e na segregação do delírio, dando passos importantes na formação, na intervenção política, na ocupação dos espaços da cidade (diga-se cada vez mais cerceada e privatizada) pelos que foram dela separados durante anos, privados dos direitos fundamentais, alijados da possibilidade de elaboração de suas angústias, desejos e realidades dissonantes.
Belo Horizonte é uma referência no Brasil na construção de uma política de saúde mental que se alicerça nos princípios do SUS, tendo como expressão fundante a territorialidade e um profundo engajamento de inúmeras pessoas para que Cersam’s (Centros de Referência em Saúde Mental), Centros de Convivência, Cersam AD (Álcool e Drogas), Residências Terapêuticas e outros equipamentos possam ser espaços de possibilidade de convivência com o sofrimento mental. Que sejam vínculos do real que não apagam o inconsciente, espaços esses cada dia mais solicitados pelo movimento estudantil a serem ocupados na formação pelos estudantes. Luta essa que se trava nos cotidianos da formação em saúde mental em todas as Universidades, e a UFMG não é exceção desse processo. Se a prática é repensada, é necessário repensar também a formação.
Se por um lado a luta feita institucionalmente é complexa e cotidiana, na rua a luta antimanicomial é expressa na circulação dos usuários por espaços públicos culturais, por outros serviços que lhes são direitos, e pela verdadeira necessidade de um vínculo que seja construído através da família, do Estado e da sociedade civil, que é convidada a se solidarizar e mudar a expressão do pensamento em relação à palavra do louco.
A maior manifestação dessa luta, em Belo Horizonte, se dá nas ruas todos os dias 18 de maio; e, é justamente pela construção desse espaço de sensibilização que surgem e ressurgem propostas de formação, de disputas políticas e de pensamento que a cada dia vão favorecendo, mesmo em meio a várias tentativas de retroceder nos avanços, a relação e vivência concreta da loucura na cidade que deve ser cada dia consquistada por todos e todas.
Com o sentido de sensibilizar, o dia 18 de maio é o de estar na rua, o louco mesmo, com a sua cara, com a sua expressão e com a sua voz! Colocando o samba composto por eles mesmos, fantasiado e colorido a partir das oficinas realizadas nos centros de convivência, e dando a cor e o jeito que só a loucura pode expressar para revolucionar uma realidade que sempre pediu a privação de direitos e liberdades.
Neste ano de 2012 esse movimento homenageia o SUS e todas as suas conquistas, provando que é necessário lutar todo dia para SUStentar (dessa forma mesmo, a temática deste ano) uma diferença que só aquele que convive com as vozes, as visões, as dores e prazeres do ser louco pode expressar na Avenida. A luta está aí, e o convite está feito para tod@s marchar em junto aos usuários dos serviços de saúde mental. Pois somente SUStentando a possibilidade do diálogo do diferente é possível construir uma cidade verdadeira e cada dia mais democrática.

Por uma sociedade sem manicômios!

Laila Vieira de Oliveira- Arte educadora, Coletivo Espaço Saúde UFMG

domingo, 20 de maio de 2012

Mostra Sapos e Afogados


"Devolva o meu corpo! Este corpo é meu! Não se pode falar a verdade...
Vocês podem não acreditar mas isso é tão verdadeiro que parece teatro!"





Estou precisando lhe falar... contar com você, nos fortalecer!!!
                                                                       Sílvia Maria
                                                                               atriz - Sapos e Afogados




SAPOS E AFOGADOS - MOSTRA 10 ANOS!!!!!
Imagem inline 1

Este ano o Núcleo de Criação e Pesquisa Sapos e Afogados comemora 10 anos de história! E para brindar por esta trajetória, como inicio das comemorações, o grupo irá realizar o  “Sapos e Afogados – Mostra 10 anos”, no Sesc Palladium.  Dentro da programação, entre os dias 17 e 20 de maio, irão apresentar grande parte de seu repertório com o que mais marcou esta trajetória.  Além disso, acontecerão também rodas de conversa com debates à respeito do trabalho do Sapos e Afogados, suas tangências com o campo da Saúde Mental e, também, de outros coletivos que realizam trabalhos artísticos com portadores de sofrimento mental.  A maioria das atrações deste evento serão surpreendidas com a intervenção de alguns convidados ilustres!  

Mais informações:

sábado, 12 de maio de 2012


Em defesa da vida e da cidadania, contra o preconceito e a intolerância!

As entidades que subscrevem este documento, apóiam e defendem a Reforma Psiquiátrica e a Luta Antimanicomial, vem expressar sua preocupação frente as matérias veiculadas em alguns órgãos da imprensa local sobre o incômodo expresso pelo Sr. Oscar Machado Filho, vizinho de um Serviço Residencial Terapêutico da cidade.

Como cidadãos que acompanham o processo de desconstrução do manicômio e seus cruéis efeitos de violência, anulação e exclusão dos portadores de sofrimento mental e como testemunhas do esforço, coragem e compromisso dos gestores do Sistema Único de Saúde desta cidade em romper com a humilhante condição de vida imposta a alguns por décadas, manifestamos nossa preocupação com o teor das notícias, notadamente preconceituosas,  mas acima de tudo, vimos registar nosso apoio e solidariedade aos moradores e trabalhadores deste SRT e à Secretaria Municipal de Saúde de Belo Horizonte na sustentação desta política e sua ética libertária.

Viver na cidade, conviver com outros cidadãos, ter acesso aos bens sociais, sem sofrer qualquer forma de constrangimento são alguns dos direitos do portador de sofrimento mental expressos na lei federal 10.216/01, assim como nas leis estaduais da reforma psiquiátrica. Vale destacar que as leis e a política de saúde mental municipal e nacional são conquistas da sociedade civil organizada que soube dizer e construir outro destino para a loucura no país. Não mais segregada, humilhada e excluída, mas livre para se tratar e viver. Este é o sentido e a diretriz da Reforma Psiquiátrica.

O orgulho que temos da política de saúde mental desta cidade é partilhado por várias instituições e cidadãos em todo o país. Belo Horizonte é a referência brasileira de desconstrução do manicômio. Reconhecimento, que é fruto do trabalho que aqui se faz! 

Um bem público, portanto, que não pode ser submetido a interesses privados e contrários à gestão pública. E isto nos leva a declarar: apoiamos e sustentamos o direito de todos os cidadãos, diferentes sujeitos humanos, poderem viver em liberdade! Apoiamos e sustentamos, com os gestores do SUS-BH o compromisso com a inclusão social de todos os portadores de sofrimento mental. E, queremos ver todos os manicômios ainda existentes em Belo Horizonte serem substituídos por serviços abertos e territoriais e o preconceito e a intolerância efetivamente superados e em seu lugar o exercício da dignidade, gentileza, solidariedade e respeito à diferença como marcas da relação entre os habitantes desta cidade.

Ante a tão cruel manifestação, entendemos, cabe uma única resposta: o convite ao exercício da cidadania e a sustentação ética do direito à liberdade para todos. 


Belo Horizonte, 04 de Maio de 2012

Assinam este documento:

Associação dos Usuários dos Serviços de Saúde Mental de João Monlevade – ASSUME

Associação dos Usuários dos Serviços de Saúde Mental de Minas Gerais – ASUSSAM

Associação Loucos Por Você – Ipatinga
Associação Mente Especial – AME – Ribeirão das Neves

Associação Vida que Te Quero Vida – Betim

Coletivo dos trabalhadores do SUS para discussão das práticas públicas de atenção a usuários de álcool/drogas

Coletivo de residentes da Residência Multiprofissional de Saúde Mental da Escola de Saúde Pública de Minas Gerais e SMSA/Betim
Coletivo Espaço Saúde
Conselho Regional de Psicologia de Minas Gerais (CRO-04)
Fórum de Formação em Saúde Mental de Minas Gerais
Fórum Mineiro de Saúde Mental
Grupo de Amigos e Familiares de Pessoas em Privação de Liberdade
Instituto Helena Greco de Direitos Humanos e Cidadania/IHG
Pastoral Nacional do Povo da Rua
RENILA- Rede Nacional Internúcleos da Luta Antimanicomial
Sindicato dos Psicólogos de Minas Gerais
Suricato – Associação de Empreendimentos Solidários de Saúde Mental