quinta-feira, 24 de maio de 2012


A luta Antimanicomial como expressão de voz e conhecimento

                                                          
                                 “A minha misão é revelar somente a verdade”  Estamira
                                                                                                                                  

Se a luta Antimanicomial não existisse a gente teria que inventá-la! Bom, seria uma ótima alusão ou adaptação de outros exemplos de coisas boas nascidas nesse mundo, tão complexo e contraditório. Assim, um movimento que se reinventa não perdendo a dimensão da sua realidade é o que constitui na cidade de Belo Horizonte uma das maiores expressões político-culturais que já se foi testemunha.
Faz mais ou menos quinze anos que alguns trabalhadores da saúde mental do Brasil, unidos a usuários e familiares de pessoas com sofrimento mental construíram uma nova forma de lidar com aquilo que a razão não é capaz de dar vazão; e, com o propósito de marcharem numa luta e num contentamento diferente do tratamento da loucura, abriram as portas dos manicômios e começaram a criar novos formatos para a expressão através da linguagem, através das formas, e alucinações para o tido “desvio” do real.
A luta Anitmanicomial em Belo Horizonte nesse meio sobrevive, mesmo que acompanhando duramente um pensamento que ainda teima em insistir na privação da liberdade e na segregação do delírio, dando passos importantes na formação, na intervenção política, na ocupação dos espaços da cidade (diga-se cada vez mais cerceada e privatizada) pelos que foram dela separados durante anos, privados dos direitos fundamentais, alijados da possibilidade de elaboração de suas angústias, desejos e realidades dissonantes.
Belo Horizonte é uma referência no Brasil na construção de uma política de saúde mental que se alicerça nos princípios do SUS, tendo como expressão fundante a territorialidade e um profundo engajamento de inúmeras pessoas para que Cersam’s (Centros de Referência em Saúde Mental), Centros de Convivência, Cersam AD (Álcool e Drogas), Residências Terapêuticas e outros equipamentos possam ser espaços de possibilidade de convivência com o sofrimento mental. Que sejam vínculos do real que não apagam o inconsciente, espaços esses cada dia mais solicitados pelo movimento estudantil a serem ocupados na formação pelos estudantes. Luta essa que se trava nos cotidianos da formação em saúde mental em todas as Universidades, e a UFMG não é exceção desse processo. Se a prática é repensada, é necessário repensar também a formação.
Se por um lado a luta feita institucionalmente é complexa e cotidiana, na rua a luta antimanicomial é expressa na circulação dos usuários por espaços públicos culturais, por outros serviços que lhes são direitos, e pela verdadeira necessidade de um vínculo que seja construído através da família, do Estado e da sociedade civil, que é convidada a se solidarizar e mudar a expressão do pensamento em relação à palavra do louco.
A maior manifestação dessa luta, em Belo Horizonte, se dá nas ruas todos os dias 18 de maio; e, é justamente pela construção desse espaço de sensibilização que surgem e ressurgem propostas de formação, de disputas políticas e de pensamento que a cada dia vão favorecendo, mesmo em meio a várias tentativas de retroceder nos avanços, a relação e vivência concreta da loucura na cidade que deve ser cada dia consquistada por todos e todas.
Com o sentido de sensibilizar, o dia 18 de maio é o de estar na rua, o louco mesmo, com a sua cara, com a sua expressão e com a sua voz! Colocando o samba composto por eles mesmos, fantasiado e colorido a partir das oficinas realizadas nos centros de convivência, e dando a cor e o jeito que só a loucura pode expressar para revolucionar uma realidade que sempre pediu a privação de direitos e liberdades.
Neste ano de 2012 esse movimento homenageia o SUS e todas as suas conquistas, provando que é necessário lutar todo dia para SUStentar (dessa forma mesmo, a temática deste ano) uma diferença que só aquele que convive com as vozes, as visões, as dores e prazeres do ser louco pode expressar na Avenida. A luta está aí, e o convite está feito para tod@s marchar em junto aos usuários dos serviços de saúde mental. Pois somente SUStentando a possibilidade do diálogo do diferente é possível construir uma cidade verdadeira e cada dia mais democrática.

Por uma sociedade sem manicômios!

Laila Vieira de Oliveira- Arte educadora, Coletivo Espaço Saúde UFMG

domingo, 20 de maio de 2012

Mostra Sapos e Afogados


"Devolva o meu corpo! Este corpo é meu! Não se pode falar a verdade...
Vocês podem não acreditar mas isso é tão verdadeiro que parece teatro!"





Estou precisando lhe falar... contar com você, nos fortalecer!!!
                                                                       Sílvia Maria
                                                                               atriz - Sapos e Afogados




SAPOS E AFOGADOS - MOSTRA 10 ANOS!!!!!
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Este ano o Núcleo de Criação e Pesquisa Sapos e Afogados comemora 10 anos de história! E para brindar por esta trajetória, como inicio das comemorações, o grupo irá realizar o  “Sapos e Afogados – Mostra 10 anos”, no Sesc Palladium.  Dentro da programação, entre os dias 17 e 20 de maio, irão apresentar grande parte de seu repertório com o que mais marcou esta trajetória.  Além disso, acontecerão também rodas de conversa com debates à respeito do trabalho do Sapos e Afogados, suas tangências com o campo da Saúde Mental e, também, de outros coletivos que realizam trabalhos artísticos com portadores de sofrimento mental.  A maioria das atrações deste evento serão surpreendidas com a intervenção de alguns convidados ilustres!  

Mais informações: